Hoje me lembrei de um encontro que tive com Raquel de Queiroz. Nessse dia, podem crer, mergulhei no seu silêncio, na paz dos idos, na ausência abnegada do seu sorriso manso. Escutei todos os apelos dessas palavras mudas que pousam por aí, nas coisas, na memória. Escutei o coração de Raquel e os sons da saudade proferidos ao vento. Ventura ! Ventania !
Raquel estava doce, presa ao banco da praça, no final de tarde. Esperava a visita dos passantes. Um dedo de prosa, um sorvete pra refrescar as agonias da tarde fortalezense... .
Pois é, hoje me lembrei de um encontro que tive com Raquel de Queiroz...
Foi boa a prosa. Uma boa conversa em que as palavras nem precisavam ser ditas e/ou ouvidas, apenas sentidas...Quando a moça da cidade chegou(esta senhora estava no Google e copiei a imagem muito terna)veio morar na fazenda, na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...
Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!
- Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
musica
23 de abr. de 2011
Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz. Madre Teresa de Calcutá
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